quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Mulheres na Marinha Mercante - 3. Joana Teixeira: "Fiz a escolha certa!"

Acabo de receber mensagem da minha irmã Joana, que está embarcada na Turquia. Faço questão de dividir essa leitura com vocês.

"Esta viagem está sendo uma experiência única, tanto pelo
lado pessoal quanto pelo lado profissional".

"Oi meninas, meu nome é Joana Feitosa Teixeira, sou formada em Náutica, turma 2007-2009 pelo CIABA.

Estou no meu período de praticagem no navio N/M Norsul Tubarão, da empresa Norsul.

Tenho um motivo muito especial de estar aqui escrevendo para vocês. Sou irmã da Laura, idealizadora deste espaço que considero precioso para nós mulheres nesta profissão.

Um breve resumo de como vim parar aqui. Conheci a escola CIABA, através da minha irmã. Ela foi a pioneira na família. Depois dela vieram mais alguns, como primos, amigos, irmão, e eu, claro. No começo relutei por não gostar do “regime militar”, porém, depois de analisar um pouco mais com calma, vi que isto seria fácil de enfrentar, já que as vantagens superavam as desvantagens.

Minha irmã sempre comentava da vida a bordo, das viagens que fazia, das pessoas que conhecia etc. Daí percebi que, além de promissora, a carreira era muito interessante. Além do mais era apenas três anos de escola; então resolvi enfrentar.

Tentei o concurso várias vezes, mas, enfim, passei! Uff... Como disse no inicio estou no meu período de praticagem ou estágio, como queiram. Meu navio está em  Istambul, na Turquia, docando. Levamos 36 dias para poder chegar até aqui e até agora não temos previsão de voltar ao Brasil. Esta viagem está sendo uma experiência única, tanto pelo lado pessoal quanto pelo lado profissional. Pelo lado pessoal é difícil ficar longe de todos que gostamos, parentes e amigos. Mas é muito prazeroso poder conhecer outros países e outras culturas. Pelo lado profissional está sendo de grande valia todo o aprendizado, pois podemos colocar em prática o que foi visto em sala de aula.

"Na docagem temos a oportunidade de conhecer
realmente como é um navio por dentro e por fora".

Durante a travessia tive a oportunidade de aprender muitas coisas relacionadas à navegação e a segurança de bordo. Notei que o inglês é de grande utilidade, pois por várias vezes precisamos solicitar prático e combinar manobras, além do que, aqui no estaleiro, usamos este idioma para nos comunicar com o pessoal do gerenciamento, da segurança e da classificadora, entre outros.

Em alguns momentos da viagem me sentia desanimada ou em dificuldades por estar longe de quem gosto e ao mesmo tempo tendo que lidar com o novo. Nessas horas sempre tinha algo que compensava isso tudo, como golfinhos nos acompanhando, baleias saltando como um lindo balé, por do sol, o nascer de uma lua cheia e a vontade de chegar no outro lado do mundo; coisa que eu jamais pensaria em fazer.

Na docagem temos a oportunidade de conhecer realmente como é um navio por dentro e por fora. Ainda sinto dificuldade com relação a espaços confinados. Por exemplo, quando temos que entrar em um tanque duplo fundo ou elevado. Estou tentando lidar com esse fato .Estamos em um dique seco, o que nos permite examinar o casco do navio por inteiro, seu leme e sua hélice. Isso é incrível, porque uma coisa é estar lá em cima no passadiço acompanhando a navegação. A gente não tem a real noção do tamanho que somos em relação a esse gigante.

Hoje pelo pouco que já vivi nessa profissão sei que fiz a escolha certa. Tenho muita satisfação no que faço e sei que sou capaz de vencer sempre, não importam as barreiras. Recomendo a outros que o façam, pois, além de sermos bem remunerados, temos boas oportunidades de viagens.

Mulheres Mercantes, parabéns a todas!"

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