terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Entrevista com CMT Raildo







sta semana buscando fotos para ilustrar esta postagem, encontrei uma frase que muito me chamou atenção sobre o nosso entrevistado de hoje:


"O Candidato do povo"

Assim, tive a referência do meu veterano e amigo CMT Raildo. E por que do povo?, me surgiu na cabeça. 


CMT Raildo " O candidato do povo"

Para quem não sabe, a força de trabalho marítima na Transpetro é cerca de um terço do total de empregados. No entanto, elegeu no primeiro turno um representante marítimo para o Conselho de Administração da empresa. Não dá o que pensar? Olhando os números e percentuais de votação, observa-se fácil que, enquanto apenas um terço do pessoal de terra votou, os marítimos votaram em sua maioria.







í está a importância da participação. Por seu lado, a importância da unidade está num fato que salta aos olhos: enquanto os marítimos se concentraram basicamente num único candidato, o pessoal terrestre se fragmentou. Isto possibilitou fecharmos a fatura já no primeiro turno.



Antes de responder as perguntas abaixo, venho saudá-la, em nome das 217 companheiras que compõem a força feminina a bordo dos navios da Transpetro, e que muitas neste momento, estão singrando os mares desempenhando com afinco as suas atribuições. Tendo em vista que tive a grata satisfação de ser contemporâneo da primeira turma de mulheres da EFOMM, é muito gratificante poder ver que as mulheres mercantes, estão se destacando ao longo do tempo, pelo elevado grau de profissionalismo desempenhado a bordo dos navios.

São por elas, que agradeço o espaço para divulgar um pouco mais sobre o Conselho de Administração da Transpetro.

Me fala sobre sua carreira, que ano se formou, por quais navios passou, há quanto tempo está no comando?

- Em 2002, tive a grata satisfação de realizar o estágio (na ocasião denominado de P.I.M - Período de Instruções no Mar), embarcando por 6 meses no NT CARAVELAS, sob o comando de um dos nossos comandantes mais antigos, ainda no exercício da atividade no mar, que é o estimado CMT BENTES. Após a conclusão do curso da EFOMM, embarquei para realizar a praticagem em 2003 no NT Lindóia BR, onde, como praticante, tive a oportunidade de fazer parte de um grande time, com profissionais que literalmente amavam a profissão e nos motivavam diariamente.  No ano de 2004, fiz o meu primeiro embarque como oficial, no NT Itamonte. Unidade que teve excelentes oficiais que continuam a prestar relevantes serviços a nossa frota. E foi no dia 3 janeiro de 2011 que assumi pela primeira vez o Comando de um navio. Um navio classe 35, antigo, mas estratégico para frota, pois faz parte de uma classe que garante o abastecimento dos rebocadores e plataformas nas Bacias de Campos e de Santos. Foi num desses navios, o NT NARA, que tivemos muitas vitórias, graças à preparada equipe que tínhamos a bordo. Certamente iniciar a carreira com homens de fibra, que amavam e amam a vida no mar, foi sem dúvida um grande diferencial na formação, e um incentivo para mantermos foco no nosso desenvolvimento profissional ano após ano. 
Por que decidiu participar das eleições do CA? Como soube? O que teve que fazer para participar? Quais eram os quesitos?
Tendo em vista que por dois mandatos consecutivos (2013 e 2014) tivemos um marítimo  nos representando nas cadeiras do Conselho de Administração da Transpetro, contando com o apoio dos companheiros e companheiras da força de trabalho. Nas eleições dos anos anteriores, por estar a bordo, participei de todo o processo que exige uma atuação significativa para viabilizar as votações, haja vista as dificuldades de comunicação terra x bordo x terra, via internet. Assim, pude acompanhar as campanhas dos candidatos no primeiro e segundo turno das eleições, ocasião em que as propostas eram apresentadas. Este ano, tendo em vista a declarada decisão do Conselheiro atual, Cmt Muller, de não se candidatar novamente,  não tínhamos conhecimento, inicialmente, de um nome definido para receber o apoio da classe para eleição do C.A. Todavia, durante essa fase, pré-eleitoral, que se estendeu até um dia antes de findar as inscrições, alguns companheiros, que não cabe citar nomes, me procuraram falando sobre a importância de termos um candidato e que achavam que chances reais existiam desde que participássemos com um candidato marítimo, e  que este deveria ser alguém que fosse relativamente conhecido pelos que estão embarcados. Cabendo acrescentar que, tal confirmação, de aceitação ou não, se daria após a prévia (muito inteligente) feita pelo SINDMAR por meio de consulta aos navios. Dentro desse contexto e, com pouco tempo para me convencer dessa tese e ainda de aceitar ser eu esse candidato, acabei aceitando o desafio. 
Assim, aceitar, significa continuarmos o bom trabalho realizado pelo estimado  CMT Muller, representando  os mais de 5.500 colegas de terra e de mar da nossa companhia. 
CMT Raildo durante o processo eleitoral do CA
No âmbito sindical, inclusive internacional, consideramos um jovem trabalhador ou trabalhadora, aqueles com idade de até 35 anos, e você é muuuuuito jovem. Como se sente tendo chegado ao ápice de sua carreira ainda jovem e assumindo um cargo dessa importância numa grande empresa como a Transpetro?
- É com o mesmo senso de responsabilidade, seriedade e comprometimento, que outrora pude assumir o Comando de um navio, na ocasião com 30 anos de idade, que estaremos no CA durante esse mandato de 2015. Certamente, pelos cargos que exerci antes de chegar à função de comandante, pude ao longo desses anos conviver lado a lado com os companheiros e companheiras de mar, dos terminais aquaviários de norte a sul, além da constante interação com os colegas da área administrativa da Transpetro. Essa convivência me permitiu identificar os principais anseios e dificuldades enfrentados pelos empregados da companhia.
Lembremos também que a Transpetro tem muitos empregados com idade entre 25 e 35 anos. Logo, acredito estar na idade compatível com a realidade da nossa empresa e, principalmente, sintonizado com os anseios da significativa parcela jovem que faz parte dela e que a imaginam uma empresa perene. É isso que queremos como empregados da Transpetro.

Uma vitória em primeiro turno, com uma porcentagem grande de votos, é muito expressiva. Sei que o SINDMAR te apoiou muito nesse processo, como classificaria essa contribuição a sua vitória?

- Vencemos no 1° turno com a maioria absoluta dos votos válidos,  1.149 votos (55,86%). Para que pudéssemos vencer de tal forma, o apoio dos companheiros e companheiras da força de trabalho, concatenado com a nossa força sindical foi fundamental para o sucesso. Não tenho dúvidas que o início da vitória começou com o processo de consulta aos navios, onde se testa a aceitação dos candidatos pelos que estão a bordo e, como consequência, tem gerado um entendimento por parte dos candidatos menos votados por bordo a, não só abrirem mão da candidatura como também, como o fizeram este ano o CMT Alcântara e CFM Giuseppe, de apoiar o escolhido por bordo. Essa nobre atitude muito nos dignifica como companheiros do mar e também deixa claro o sentimento de união. Certamente não teríamos seguido em frente  sem tais ações e estrutura de apoio montada pelo SINDMAR, respaldada pelos colegas marítimos da Transpetro.  

Faz poucos dias que o presidente do SINDMAR, nosso companheiro Severino Almeida, comentou comigo que recebeu de você uma mensagem de agradecimento e reconhecimento em relação ao apoio que você recebeu de nossa estrutura, a qual (palavras dele) muito o emocionou. Não disse exatamente quais palavras foram estas, mas, posso imaginar. Você conhece o Severino, pessoalmente? Além de conhecê-lo já teve oportunidade de conversar com ele?

- Pelas lutas travadas e pela história de sucesso, o Presidente Severino sempre foi um expoente na área sindical do nosso país. Nas ocasiões em que tivemos a oportunidade de interagir, sempre foram momentos de aprendizado principalmente no que tange a história do nosso sindicato e das batalhas e conquistas alcançadas nesse período. Dentre as conquistas significativas, sabemos que muitas foram em prol dos marítimos da Petrobras/Transpetro.

O presidente de nosso Sindicato é de uma geração bem mais antiga do que a nossa e acumulou muita experiência sindical. Você acha que este aspecto nos ajuda na coordenação das ações sindicais promovidas pelo SINDMAR?

- Certamente a experiência acumulada ao longo de anos, permitiu ao Presidente Severino manter ações que enalteçam a nossa classe. Estando também sempre atento para situações que possam trazer riscos ao nosso mercado de trabalho.

Muita gente tem curiosidade de saber o que faz um integrante do CA. Pode ajudar a matar essa curiosidade? O que você fará? Precisa estar em terra para participar do conselho?

- Até 28 de dezembro de 2010, o CA constituía o braço representativo – e exclusivo - dos acionistas no controle das SAs. Mas a Lei nº 12.353, sancionada naquela data, garantiu que os empregados ativos das empresas públicas e sociedades de economia mista, subsidiárias e controladas também tivessem lugar nos conselhos de administração, por um representante eleito pelo voto direto de seus pares.
De acordo com o Estatuto Social da companhia, o representante dos empregados não poderá participar da votação em alguns temas do CA. É o caso de questões que envolvam “discussões e deliberações sobre assuntos que envolvam relações sindicais, remuneração, benefícios e vantagens, inclusive matérias de previdência complementar e assistenciais, hipóteses em que fica configurado o conflito de interesse”. O que não significa que estaremos alheios a situações que possam a trazer risco a força de trabalho.
 O Conselho de Administração é formado por seis conselheiros, sendo cinco indicados pela Petrobras e pelo governo e um indicado pelos empregados. No CA, teremos como pares Maria das Graças Silva Foster, presidente da Petrobras; José Carlos Cosenza, diretor de Abastecimento da Petrobras; José Alcides Santoro Martins, diretor de Gás e Energia da Petrobras; Jorge Celestino Ramos, gerente executivo da diretoria de Abastecimento da Petrobras; e Murilo Francisco Barella, representante do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG).  Dentro dessa composição, para que se obtenha uma deliberação é necessário a anuência da maioria dos membros do Conselho. O voto do representante dos empregados, sozinho, não conseguirá definir o resultado de uma deliberação. Sendo assim, um dos maiores desafios é sensibilizar os demais componentes do colegiado sobre assuntos importantes dentro do escopo decisório do Conselho de Administração, alertando-os para situações que possam ser prejudiciais para a empresa ou para os empregados.  

Conte-nos um pouco das suas propostas, como pretende como jovem marítimo atuar dentro do CA?

- Entendemos que é necessário defender a continuidade do Promef, programa que incorpora navios à frota Transpetro, utilizados para transportar para a Petrobras produtos como petróleo, seus derivados e gás. Defendemos também que todos os navios da frota da Transpetro sejam tripulados única e exclusivamente por brasileiros. Trabalharemos também pela ampliação da rede de dutos e de terminais, adotando ações que inibam a alienação de ativos importantes para o sistema. Assim, pretendemos estreitar ainda mais o relacionamento com as legítimas representações sindicais de terra e de mar, para que possamos levar ao CA os anseios e preocupações dos trabalhadores.
  
Durante nosso mandato, estaremos sempre dispostos a acolher sugestões que a força de trabalho considere importante para o bom desempenho deste mandato, que é de todos nós. Neste caso, os companheiros e companheiras devem enviar sugestões, críticas e acompanhar a atuação do seu representante no CA da Transpetro acessando o nosso blog raildoviana-ca.blogspot.com.br ou enviar mensagens para o e-mail raildopetrobras@hotmail.com.

Coletivamente, as legítimas entidades sindicais que representam os trabalhadores e trabalhadoras da Transpetro poderão sugerir temas e demandas, pertinentes ao CA, por meio desses endereços eletrônicos.


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