sta semana buscando fotos para ilustrar esta postagem, encontrei uma frase que muito me chamou atenção sobre o nosso entrevistado de hoje:
"O Candidato do povo"
Assim, tive a referência do
meu veterano e amigo CMT Raildo. E por que do povo?, me surgiu na cabeça.
CMT Raildo " O candidato do povo" |
Para quem
não sabe, a força de trabalho marítima na Transpetro é cerca de um terço do
total de empregados. No entanto, elegeu no primeiro turno um representante
marítimo para o Conselho de Administração da empresa. Não dá o que pensar?
Olhando os números e percentuais de votação, observa-se fácil que, enquanto
apenas um terço do pessoal de terra votou, os marítimos votaram em sua maioria.
í está a importância
da participação. Por seu lado, a importância da unidade está num fato que salta
aos olhos: enquanto os marítimos se concentraram basicamente num único
candidato, o pessoal terrestre se fragmentou. Isto possibilitou fecharmos a
fatura já no primeiro turno.
Antes de responder as perguntas abaixo, venho
saudá-la, em nome das 217 companheiras que compõem a força feminina a bordo dos
navios da Transpetro, e que muitas neste momento, estão singrando os mares
desempenhando com afinco as suas atribuições. Tendo em vista que tive a grata
satisfação de ser contemporâneo da primeira turma de mulheres da EFOMM, é muito
gratificante poder ver que as mulheres mercantes, estão se destacando ao longo
do tempo, pelo elevado grau de profissionalismo desempenhado a bordo dos navios.
São por elas, que agradeço o espaço para divulgar um pouco mais sobre o Conselho de Administração da Transpetro.
São por elas, que agradeço o espaço para divulgar um pouco mais sobre o Conselho de Administração da Transpetro.
Me fala sobre sua
carreira, que ano se formou, por quais navios passou, há quanto tempo está no
comando?
- Em 2002, tive a grata satisfação de realizar o estágio (na ocasião
denominado de P.I.M - Período de Instruções no Mar), embarcando por 6 meses no
NT CARAVELAS, sob o comando de um dos nossos comandantes mais antigos, ainda no
exercício da atividade no mar, que é o estimado CMT BENTES. Após a conclusão do
curso da EFOMM, embarquei para realizar a praticagem em 2003 no NT Lindóia BR,
onde, como praticante, tive a oportunidade de fazer parte de um grande time, com
profissionais que literalmente amavam a profissão e nos motivavam diariamente.
No ano de 2004, fiz o meu primeiro embarque como oficial, no NT Itamonte.
Unidade que teve excelentes oficiais que continuam a prestar relevantes
serviços a nossa frota. E foi no dia 3 janeiro de 2011 que assumi pela primeira
vez o Comando de um navio. Um navio classe 35, antigo, mas estratégico para
frota, pois faz parte de uma classe que garante o abastecimento dos
rebocadores e plataformas nas Bacias de Campos e de Santos. Foi num desses
navios, o NT NARA, que tivemos muitas vitórias, graças à preparada
equipe que tínhamos a bordo. Certamente iniciar a carreira com homens de fibra,
que amavam e amam a vida no mar, foi sem dúvida um grande diferencial na
formação, e um incentivo para mantermos foco no nosso desenvolvimento
profissional ano após ano.
Por que decidiu participar das eleições
do CA? Como soube? O que teve que fazer para participar? Quais eram os quesitos?
- Tendo em vista que por dois mandatos consecutivos (2013 e 2014) tivemos um
marítimo nos representando nas cadeiras do Conselho de Administração da
Transpetro, contando com o apoio dos companheiros e companheiras da força de
trabalho. Nas eleições dos anos anteriores, por estar a bordo, participei
de todo o processo que exige uma atuação significativa para viabilizar as votações, haja vista as dificuldades de comunicação terra x bordo x terra, via
internet. Assim, pude acompanhar as campanhas dos candidatos no primeiro e
segundo turno das eleições, ocasião em que as propostas eram apresentadas. Este
ano, tendo em vista a declarada decisão do Conselheiro atual, Cmt Muller, de
não se candidatar novamente, não tínhamos
conhecimento, inicialmente, de um nome definido para receber o apoio da
classe para eleição do C.A. Todavia,
durante essa fase, pré-eleitoral, que se estendeu até um dia antes de findar as
inscrições, alguns companheiros, que não cabe citar nomes, me procuraram
falando sobre a importância de termos um candidato e que achavam que chances
reais existiam desde que participássemos com um candidato marítimo, e que
este deveria ser alguém que fosse relativamente conhecido pelos que estão
embarcados. Cabendo acrescentar que, tal confirmação, de aceitação ou não, se
daria após a prévia (muito inteligente) feita pelo SINDMAR por meio de
consulta aos navios. Dentro desse contexto e, com pouco tempo para me convencer
dessa tese e ainda de aceitar ser eu esse candidato, acabei aceitando o desafio.
Assim, aceitar, significa continuarmos o bom trabalho realizado pelo estimado
CMT Muller, representando os mais de 5.500 colegas de terra e de
mar da nossa companhia.
CMT Raildo durante o processo eleitoral do CA |
No âmbito
sindical, inclusive internacional, consideramos um jovem trabalhador ou
trabalhadora, aqueles com idade de até 35 anos, e você é muuuuuito jovem. Como
se sente tendo chegado ao ápice de sua carreira ainda jovem e assumindo um
cargo dessa importância numa grande empresa como a Transpetro?
- É com o mesmo senso de
responsabilidade, seriedade e comprometimento, que outrora pude assumir o
Comando de um navio, na ocasião com 30 anos de idade, que estaremos no CA
durante esse mandato de 2015. Certamente, pelos cargos que exerci antes de
chegar à função de comandante, pude ao longo desses anos conviver lado a lado
com os companheiros e companheiras de mar, dos terminais aquaviários de norte a
sul, além da constante interação com os colegas da área administrativa da
Transpetro. Essa convivência me permitiu identificar os principais anseios e
dificuldades enfrentados pelos empregados da companhia.
Lembremos também que a Transpetro tem
muitos empregados com idade entre 25 e 35 anos. Logo, acredito estar na idade
compatível com a realidade da nossa empresa e, principalmente, sintonizado com
os anseios da significativa parcela jovem que faz parte dela e que a imaginam
uma empresa perene. É isso que queremos como empregados da Transpetro.
Uma vitória em
primeiro turno, com uma porcentagem grande de votos, é muito expressiva. Sei
que o SINDMAR te apoiou muito nesse processo, como classificaria essa
contribuição a sua vitória?
- Vencemos no 1° turno com a maioria
absoluta dos votos válidos, 1.149 votos (55,86%). Para que pudéssemos
vencer de tal forma, o apoio dos companheiros e companheiras da força de
trabalho, concatenado com a nossa força sindical foi fundamental para o
sucesso. Não tenho dúvidas que o início da vitória começou com o processo de
consulta aos navios, onde se testa a aceitação dos candidatos pelos que estão a
bordo e, como consequência, tem gerado um entendimento por parte dos candidatos
menos votados por bordo a, não só abrirem mão da candidatura como também, como
o fizeram este ano o CMT Alcântara e CFM Giuseppe, de apoiar o escolhido por
bordo. Essa nobre atitude muito nos dignifica como companheiros do mar e também
deixa claro o sentimento de união. Certamente não teríamos seguido em
frente sem tais ações e estrutura de apoio montada pelo SINDMAR,
respaldada pelos colegas marítimos da Transpetro.
Faz poucos
dias que o presidente do SINDMAR, nosso companheiro Severino Almeida, comentou
comigo que recebeu de você uma mensagem de agradecimento e reconhecimento em
relação ao apoio que você recebeu de nossa estrutura, a qual (palavras dele)
muito o emocionou. Não disse exatamente quais palavras foram estas, mas, posso
imaginar. Você conhece o Severino, pessoalmente? Além de conhecê-lo já teve
oportunidade de conversar com ele?
- Pelas lutas travadas e pela história
de sucesso, o Presidente Severino sempre foi um expoente na área sindical do
nosso país. Nas ocasiões em que tivemos a oportunidade de interagir,
sempre foram momentos de aprendizado principalmente no que tange a história do
nosso sindicato e das batalhas e conquistas alcançadas nesse período. Dentre as
conquistas significativas, sabemos que muitas foram em prol dos marítimos da
Petrobras/Transpetro.
O presidente
de nosso Sindicato é de uma geração bem mais antiga do que a nossa e acumulou
muita experiência sindical. Você acha que este aspecto nos ajuda na coordenação
das ações sindicais promovidas pelo SINDMAR?
- Certamente a experiência acumulada ao
longo de anos, permitiu ao Presidente Severino manter ações que enalteçam a
nossa classe. Estando também sempre atento para situações que possam trazer
riscos ao nosso mercado de trabalho.
Muita gente
tem curiosidade de saber o que faz um integrante do CA. Pode ajudar a matar
essa curiosidade? O que você fará? Precisa estar em terra para participar do
conselho?
- Até 28 de dezembro de 2010, o CA
constituía o braço representativo – e exclusivo - dos acionistas no controle
das SAs. Mas a Lei nº 12.353, sancionada naquela data, garantiu que os
empregados ativos das empresas públicas e sociedades de economia mista,
subsidiárias e controladas também tivessem lugar nos conselhos de
administração, por um representante eleito pelo voto direto de seus pares.
De acordo com o Estatuto Social da
companhia, o representante dos empregados não poderá participar da votação em
alguns temas do CA. É o caso de questões que envolvam “discussões e
deliberações sobre assuntos que envolvam relações sindicais, remuneração,
benefícios e vantagens, inclusive matérias de previdência complementar e
assistenciais, hipóteses em que fica configurado o conflito de interesse”. O
que não significa que estaremos alheios a situações que possam a trazer risco a
força de trabalho.
O Conselho de Administração é
formado por seis conselheiros, sendo cinco indicados pela Petrobras e pelo
governo e um indicado pelos empregados. No CA, teremos como pares Maria das
Graças Silva Foster, presidente da Petrobras; José Carlos Cosenza, diretor de
Abastecimento da Petrobras; José Alcides Santoro Martins, diretor de Gás e
Energia da Petrobras; Jorge Celestino Ramos, gerente executivo da diretoria de
Abastecimento da Petrobras; e Murilo Francisco Barella, representante do Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). Dentro dessa composição,
para que se obtenha uma deliberação é necessário a anuência da maioria dos
membros do Conselho. O voto do representante dos empregados, sozinho, não
conseguirá definir o resultado de uma deliberação. Sendo assim, um dos maiores
desafios é sensibilizar os demais componentes do colegiado sobre assuntos
importantes dentro do escopo decisório do Conselho de Administração,
alertando-os para situações que possam ser prejudiciais para a empresa ou para
os empregados.
Conte-nos um pouco
das suas propostas, como pretende como jovem marítimo atuar dentro do CA?
- Entendemos que é necessário defender
a continuidade do Promef, programa que incorpora navios à frota Transpetro,
utilizados para transportar para a Petrobras produtos como petróleo, seus
derivados e gás. Defendemos também que todos os navios da frota da Transpetro
sejam tripulados única e exclusivamente por brasileiros. Trabalharemos também
pela ampliação da rede de dutos e de terminais, adotando ações que inibam a
alienação de ativos importantes para o sistema. Assim, pretendemos estreitar
ainda mais o relacionamento com as legítimas representações sindicais de terra
e de mar, para que possamos levar ao CA os anseios e preocupações dos
trabalhadores.
Durante nosso mandato, estaremos
sempre dispostos a acolher sugestões que a força de trabalho considere
importante para o bom desempenho deste mandato, que é de todos nós. Neste caso,
os companheiros e companheiras devem enviar sugestões, críticas e acompanhar a
atuação do seu representante no CA da Transpetro acessando o nosso blog raildoviana-ca.blogspot.com.br ou enviar
mensagens para o e-mail raildopetrobras@hotmail.com.
Coletivamente, as legítimas entidades
sindicais que representam os trabalhadores e trabalhadoras da Transpetro
poderão sugerir temas e demandas, pertinentes ao CA, por meio desses endereços
eletrônicos.
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