sexta-feira, 29 de abril de 2011

Um conto de fadas do século 21


Dois bilhões de pessoas acompanharam... 1/3 da população mundial viu... 1 milhão de pessoas estavam lá beeeeeeeeeeem pertinho...
Até quem estava no espaço não deixou de acompanhar o grandioso e lindo casamento real entre o príncipe William e a agora princesa Kate. 
Um verdadeiro conto de fadas em que, é lógico, o nosso blog estava de olho. Muitas histórias de casamento  já foram divulgadas aqui. Váriiiiiiiiiiiiias meninas já encontraram seus príncipes e tiveram o seu dia de princesa.


Sendo ou não da realeza britânica, o casamento, principalmente para as mulheres, é um dia de muitos sonhos, expectativas, fantasias e alegrias.
Desejo toda a felicidade ao mais novo casal, que a vida deles seja repleta de compreensão e amor.
E para as meninas que já encontraram seus príncipes e queiram divulgar as fotos e a história do seu grande dia ou os projetos para ele, ficarei no aguardo pelas novidades. Me enviem email: mulheresmercantes@gmail.com

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Feliz Dia da Sogra


Oi geennnnteeee: li no site do msn que o "Bolsa de Mulher" divulgou que hoje (28 de abril) é Dia da Sogra.  Quem quiser ler a matéria e participar do Teste da Sogra é só clicar aqui.

Fiz também uma enquetezinha e coloquei aí do lado. Quem quiser participar é só votar. Ninguém vai saber a sua resposta (rs).

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Filhos são como navios

Oi, geennnteeee: andei sumida, né? Em breve contarei uma novidade pessoal. Estou de volta ao Blog. E com a corda toda. Há dias estava para postar aqui essa série de fotos que recebi por email. Faço parte de um grupo de colegas do Pelicano Mercante, convidada pelo Edson Areias, e as imagens foram enviadas pelo Liminha. Qual desses filhos vocês gostariam de ter?







quarta-feira, 13 de abril de 2011

As duas grandes surpresas de Fábio


Quando estava tudo indo bem com o nosso colega Fábio Guilherme Lima Torres duas grandes surpresas. Quais? Só conto no final.

Fábio é um carioca de 34 anos que sempre teve a vida ligada ao mar.


Fábio: "O João Cândido que me aguarde"

“Meu pai também é marítimo e desde pequeno eu viajava embarcado com ele”, lembra o ex-futuro imediato do navio João Cândido, primeiro Suezmax construído pelo Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), agora Comandante na Getram 1.

Mesmo morando no Rio de Janeiro, Fábio fez o curso de formação de oficiais da Marinha Mercante em Belém (PA), no Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar (CIABA). Para a praticagem, optou pelo Itabuna, navio da Transpetro.

Ao se formar, em 1997, a Transpetro estava sendo criada e Fábio não pode ser efetivado na Companhia.

“Como minha intenção sempre foi seguir carreira, optei por trabalhar na Flumar, na qual fiquei por seis anos, indo de 2ON a Imediato. Depois desse período, em 2004, retornei à Transpetro, já como Imediato, tripulando o Navio Gurupi, como efetivo, e fazendo alguns embarques no Grajaú e no Gurupá, onde tive o prazer de conhecer uma Praticante, que seria minha amiga desde então, conhecida como Laurinha”.

Essa Laurinha você conhecem, né? Mas a grande surpresa não é essa. Já imaginou qual é? Ainda não? Aguardem.

O ano de 2010 reservou inúmeras surpresas para Fábio. A primeira foi o convite para ser imediato do primeiro navio do Promef, o que representaria uma grande mudança na sua vida. Tripular o João Cândido representaria um salto para a carreira do nosso colega mercante. Sairia de navios considerados pequenos em comparação a um Suezmax, que fará longo curso. Nunca havia viajado para muito longe e agora via a oportunidade de fazer linhas programadas para a Ásia e o Oriente Médio.

O profissionalismo também pesou na escolha, quando era imediato do Gurupi, o navio se consagrou duas vezes como Navio 1000. E, em 2009, um projeto de Fábio foi finalista do Projeto de Gestão de SMS do Sistema Petrobras, com o trabalho “Sempre Rumo à Excelência”, relacionado ao gerenciamento no Gurupi.

Quando estava tudo indo bem encaminhado para o João Cândido, próximo do final do ano e é aí que acaba o nosso suspense. Uma delas significou a necessidade de renunciar ao projeto de imediatar o João Cândido.

“Fui promovido a Comandante, embarcando desde então nos Navios Piraí, Pirajuí e Potengi, qual me encontro embarcado”.

 A outra grande surpresa? Tchan, tchan, tchan!!!

“A gravidez da Janaína, minha esposa”.

E Fábio deixa um recado para os leitores do blog Mulheres Mercantes:

“O João Cândido que me aguarde. Retornarei... mas agora, como seu Comandante, após a sua entrega”.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Bebê a bordo: o momento mágico da espera de Gabriel


Continuando a série Bebê a bordo, entrevistamos a Renatinha. Ela está passando por sua primeira e inesquecível experiência de ser mamãe, a famosa “mãe de primeira viagem”. Assim como embarcar pela primeira vez, Renata conta para o blog Mulheres Mercantes como está sendo suas emoções e anseios na primeira gestação.

E sabem o que é também interessante? O papai também é marítimo.

Leiam, aproveitem as dicas e entendam um pouco mais desse mundo!


Renata e Moura em viagem para preparar o enxoval do Gabriel

Em que momento da sua vida você estava, com relação a trabalho e família, quando descobriu a gravidez?
Descobri quando eu estava fazendo um cursinho para concurso público, no início de novembro de 2010. As aulas tinham acabado de começar. Naquele momento eu não estava mais trabalhando embarcada. Tinha aproximadamente um mês que meu último contrato de trabalho com uma empresa de navegação terminara. Como eu e meu marido já estávamos planejando essa gravidez, decidi parar um tempo de embarcar justamente para viver essa nova fase.

Como está sendo para você estar grávida e casada com um marítimo?
A gravidez está sendo um momento mágico e único em nossas vidas. Uma benção e dádiva de Deus. Ser casada com um marítimo tem suas diferenças, pois apesar de termos que conviver com as escalas e embarques, podemos aproveitar cada folga de maneira diferente, fazer viagens, fazer planejamentos quando a escala é fixa. Aproveitamos mais do que em muitas outras profissões que se têm férias só uma vez por ano. Nessa escala de 28x28 dias, temos férias a cada mês; isso é maravilhoso. Cada profissão tem seus desconfortos, mas nada que não seja impossível.

Você tem alguma dica legal para as meninas que estão grávidas ou pretendem engravidar?
Engravidem, não vão se arrepender nunca. Só não fiquem esperando muitos anos, pois depois pode ser tarde para realizarem esse sonho. Tudo tem a hora certa e nós mulheres também temos até uma idade para que isso ocorra. Não deixem passar muito desse prazo, pois depois tudo fica mais difícil, mais complicado. Já não temos mais aquela energia, aquele preparo psicológico para a chegada de um bebê. Então façam seus projetos de vida cedo, encaminhem suas profissões, mas nunca se esquecendo de que nós, MULHERES, somos abençoadas por Deus pela graça da maternidade. Isso é muito gratificante e maravilhoso.

De que forma você vê a falta de Lei que ampare a marítima gestante?
Esse é um assunto muito delicado e complicado, mas acho que ainda temos que lutar muito pelos direitos de ser mãe marítima e poder desfrutar de melhores benefícios para as gestantes, para seus filhos e seus familiares.

Como vai se chamar seu bebê? Para quando está previsto ele nascer?
Vai se chamar Gabriel, o anjo enviado por Deus para anunciar a Maria que ela daria à luz ao menino Jesus. Está previsto para o período entre 2 e 16 de julho desse ano.

A imagem de Gabriel na ultrasonografia

Muitas meninas conseguiram voltar a embarcar depois de nascerem seus filhos. Você acha que voltará a embarcar depois de dar a luz? Por quê?
Gosto muito da minha profissão, entretanto acho essa questão de voltar a embarcar muito difícil, já que meu marido também embarca. Sendo assim, com quem eu deixaria meu filho recém-nascido? Não tenho com quem deixar, pois minha família mora em Minas Gerais e eu no Rio. Como vou trabalhar tranquila sabendo que um bebê, sem defesa alguma, estará nas mãos de outros? Sinceramente, acho quase impossível minha volta inicialmente, mas o futuro só a Deus pertence, não podemos prevê-lo. Dou os parabéns a essas mães que conseguem voltar a embarcar após uma gravidez, pois acredito não ser nada fácil para elas.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

"Isso não é verdade!"

Recebi uma mensagem indignada do Felippe Rafael, segundo oficial de máquinas, sobre as informações que vêm sendo veiculadas na imprensa sobre a suposta falta de oficiais da Marinha Mercante. Vale a pena ler.

Felippe: "Não podemos deixar o NOSSO petróleo escorrer pelas nossas mãos
diante de alegações mentirosas e “erros” que nós mesmos podemos consertar"

"Uma matéria publicada há pouco tempo (03/04/2011) foi motivo de surpresa para a grande parte de nossa categoria. Empresas alegam que faltam oficiais da Marinha Mercante no mercado. Isso não é verdade!
Somos uma mão de obra qualificada e fazemos parte de um seleto grupo de profissionais. As empresas que hoje sofrem por “falta” de oficiais, certamente não nos dão condições suficientes e competitivas com o mercado.
Estão falando em suspensão temporária do artigo da RN72 que determina que as embarcações estrangeiras que operam em águas brasileiras contratem oficiais brasileiros. Essa suspensão é absurda e nós, brasileiros (marítimos ou não), não podemos permitir. Não podemos perder espaço onde nós somos os donos da riqueza. É o mesmo que entregar nossa maior descoberta dos últimos anos (o pré-sal) na mão dos estrangeiros, deixando os brasileiros desempregados ou com péssimas condições de trabalho.
Existem outras soluções a serem tomadas que não iria nos prejudicar; muito pelo contrário, nos beneficiaria. Como por exemplo, aumentar a capacidade dos dois centros de formação de oficiais brasileiros. Solução esta que já foi tomada pela Marinha do Brasil. Precisamos esperar o resultado (hoje um oficial demora cerca de quatro anos para se formar). Melhora nas condições de trabalho, inclusive salário seria mais uma maneira de atrair os profissionais.
Precisamos entender e explicar às pessoas que NÃO ESTÁ FALTANDO OFICIAIS.
Não podemos deixar o NOSSO petróleo escorrer pelas nossas mãos diante de alegações mentirosas e “erros” que nós mesmos podemos consertar.
Não podemos esquecer dos profissionais de nível superior que passaram parte de sua vida em alto mar, longe de suas famílias e em condições adversas. Profissionais que estagiaram seis meses ou um ano a bordo de navios e longe de casa. Esses profissionais merecem respeito pela sua formação, dedicação e superação. Pais que não viram o crescimento de seus filhos por completo, chefes de família que por muitas vezes embarcaram deixando parentes em casa, chorando, por amor à profissão, não merecem hoje perder espaço no mercado de trabalho apenas por economia, patriotismo ou mesmo preconceito de algumas pessoas.
Se alguém deve desfrutar do pré-sal, esse alguém tem nome e endereço: BRASIL".


quarta-feira, 6 de abril de 2011

Falta Oficial ou Falta Respeito?

É tanta lamentação dos armadores de que está faltando oficial que por pouco não me comovo com tanto desespero. Mas será que eles sabem o que está acontecendo dentro da própria empresa deles? Duvido que não saibam. Mas é lógicooooooooo que eles não vão correr para a imprensa para dizer que os oficiais não querem embarcar na empresa deles por que eles não sabem respeitar os marítimos que ali embarcam.
Não é de hoje que os “donos da razão” querem empurrar garganta abaixo da sociedade a suposta falta de Oficiais na Marinha Mercante. Vocês devem lembrar que aqui mesmo neste blog postei no ano passado um vídeo de uma palestra de Severino Almeida, presidente do SINDMAR, no 1° seminário de cabotagem realizado em Brasília. Neste vídeo, que faço questão de reproduzir novamente abaixo, ele mostra com clareza a intenção dos armadores e até mesmo a falta de respeito a que me refiro. Vejam bem: isso foi ano passado! Existem mais coisas antigas nessa tentativa desesperada deles de nos tirar de bordo.
Como exemplo, um “pequeno” fato, atual, ocorrido esse ano, que mostra que respeito está totaaaaaaaalmente relacionado com a vontade ou disponibilidade de um oficial de retornar ou embarcar em determinada empresa:
Em janeiro desse ano a empresa NORSUL desembarcou alguns de seus oficiais para renovação de ASO ( Atestado de Saúde Ocupacional). Hoje, dia 4 de abril, sabem onde esses praticantes estão? EM CASA!  Não por que eles queriam passar três meses em casa, já que, para alguns, falta menos de dois meses para se formarem, mas porque a pobre empresa não tinha funcionários que pudessem programar o embarque dos praticantes, devido às férias de alguns funcionários. Trêeeeeeeeees meses para programar um embarque! Três!  Depois de várias ligações e emails a resposta que eles deram foi que estavam atarefados demais com outros assuntos e não tinham tempo, pois estavam cobrindo férias de outros colegas de empresa. Se perguntem agora:
Como um praticante que falta apenas dois meses para se formar teria vontade de retornar a uma empresa que não o respeita?
Vai faltar oficial nessa empresa? Eu mesma respondo: Siiiiiiiiim vai faltar. Nesse setor ninguém quer se submeter a isso. Passamos meses embarcados, longe de nossas casas, famílias e amigos, e nem o mínimo de respeito eles têm por nós!
O choro vai continuar, mas, ao invés de se lamentarem e dizerem que nós ou a nossa ausência é que está parando o navio de vocês ou atrapalhando o desenvolvimento do país, ofereçam-nos condições de trabalho dignas, bons salários e respeito, que eu como marítima (falo por todos) garanto que NÃO FALTARÁ OFICIAL, nem hoje, nem amanhã, nem nunca na sua empresa.

terça-feira, 5 de abril de 2011

SINDMAR responde armadores

O SINDMAR não poderia deixar de registrar sua indignação com relação ao INFORME PUBLICITÁRIO (ver post abaixo) divulgado pelas entidades que representam os armadores e que foi publicado domingo no Globo. Por isso, para esclarecer a questão, teve que usar a mesma "arma" e no mesmo jornal. Saiu hoje.


 Para ler é só clicar na imagem

A resposta na página do Globo

domingo, 3 de abril de 2011

Não será por falta de oficiais da Marinha Mercante que o Pré Sal estará em risco

Oi, gente: nem no domingo esse pessoal sossega. Não é que, além de passarem a semana pautando jornais e sites com sugestões de reportagens EQUIVOCADAS sobre a INFUNDADA escassez de mão-de-obra na Marinha Mercante, as entidades que representam os armadores decidiram também comprar espaço nos jornais em pleno domingo para divulgar suas inverdades. É aquilo que os jornalistas chamam de "MATÉRIA PAGA".

Tenho em mãos uma edição do jornal O Globo do Rio de Janeiro que fiz questão de escanear e reproduzir para vocês aqui no nosso Blog. Na página 13, com destaque, um “INFORME PUBLICITÁRIO” assinado pelo Syndarma, pela Abeam e pela Abac, com o título APELATIVO de “O PRÉ-SAL ESTÁ EM RISCO”, tenta mostrar para os leitores que um “grave desnível entre oferta de demanda de mão de obra” pode “ameaçar” a exploração do Pré Sal.

Para ler o texto do "INFORME PUBLICITÁRIO"
é só passar o cursor do mouse na imagem

No final do INFORME PUBLICITÁRIO, que fiz questão de destacar em amarelo, as sugestões que provam quais são as claras intenções desse pessoal:

·         “Suspensão temporária do artigo 3º, da Resolução Normativa 72, do Conselho Nacional de Imigração (CNIg), que obriga o emprego de oficiais brasileiros em embarcações e plataformas estrangeiras operando em águas brasileiras.
·         “Flexibilização, também temporária, do artigo 1º da Resolução Normativa 80, do mesmo CNIg, que regula o visto do trabalhador estrangeiro no Brasil, para que haja entrada de Oficiais estrangeiros para trabalhar em nossos barcos.

Alterei a ordem dos grifos para mostrar o real objetivo das propostas.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Onde há fumaça, há fogo

Mais uma vez o assunto volta à tona: dessa vez foi o jornal Valor Econômico que publicou matéria em sua edição de hoje divulgando que os armadores estão temendo a falta de mão-de-obra e pedindo tripulação estrangeira. A reportagem foi republicada em diversos sites ligados ao nosso setor. Mas no texto, o próprio jornal admite que “o tema é polêmico e enfrenta resistência dos trabalhadores”.

Entrevistado pelo jornal, o presidente do SINDMAR, Severino Almeida, criticou a proposta dos armadores e disse que as empresas não olham o Brasil com visão de empresas brasileiras de navegação: "Querem praticar uma abertura que seja vantajosa para elas", afirmou. O jornal publicou ainda que Severino garantiu que não é preciso mexer na resolução normativa 72 uma vez que o artigo 3º oferece flexibilidade para deixar de contratar brasileiros quando a medida for necessária.

Reproduzo na íntegra aqui no Blog a matéria do jornal Valor Econômico e o release divulgado pela assessoria de Imprensa do SINDMAR para que vocês possam entender o que está se passando.


Imagem meramente ilustrativa.
O texto na íntegra está publicado mais abaixo


A íntegra da matéria publicada no jornal Valor Econômico:

Armadores temem falta de mão de obra e pedem tripulação estrangeira

"As empresas de navegação que operam no Brasil estão preocupadas com a possibilidade de um "apagão" de mão de obra. Como medida de emergência, querem que navios e plataformas de bandeira estrangeira possam operar no país, de forma provisória, sem a necessidade de ter parte da tripulação brasileira, como determina resolução do Ministério do Trabalho. Os armadores, representados pelo Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma), pretendem aprofundar essa discussão com o governo federal a partir deste mês.

O tema é polêmico e enfrenta resistência dos trabalhadores, reunidos no Sindicato Nacional dos Oficiais de Marinha Mercante (Sindmar). As duas entidades discordaram publicamente sobre o assunto quando, em 2008, o Syndarma publicou estudo que apontou risco de déficit no número de oficiais para atender à expansão da frota até 2013. Em contrapartida, o Sindmar encomendou outro trabalho que indicou que iriam sobrar oficiais de marinha mercante, profissionais de nível superior formados nas duas escolas da Marinha: uma no Rio e outra no Pará.

Não satisfeito, o Syndarma reviu o estudo de 2008. A revisão considerou o crescimento da frota, iniciativa sustentada pelas encomendas de navios e plataformas do sistema Petrobras - Transpetro. O novo trabalho, válido para 2010-2020, indica que a falta de profissionais tende a se agravar de forma gradual até atingir o pico em 2014, quando faltariam 1.339 oficiais de marinha mercante para atender a demanda.

O Syndarma considera o estudo conservador uma vez que o trabalho não inclui projeções relacionadas ao aumento de demanda de profissionais como resultado da exploração e produção na camada pré-sal.

Ronaldo Lima, vice-presidente do Syndarma, diz que a proposta da entidade é flexibilizar o artigo 3º da resolução normativa nº 72, de 2006, do Conselho Nacional de Imigração, do Ministério do Trabalho. Segundo o artigo, quando embarcações ou plataformas estrangeiras operarem em águas jurisdicionais brasileiras por prazo superior a 90 dias deverão ser admitidos marítimos e outros profissionais brasileiros, observadas uma série de condições. Na prática, se adotada, a proposta faria com que navios estrangeiros ficassem desobrigados, temporariamente, a chamar oficiais brasileiros.

A mudança permitiria, na visão do Syndarma, melhorar o equilíbrio entre oferta e demanda de oficiais. Os armadores também têm interesse em discutir o artigo 1º da resolução nº 80, de 2008, do Conselho Nacional de Imigração, segundo a qual o Ministério do Trabalho pode conceder autorização para obtenção de visto temporário ao estrangeiro que venha ao Brasil com vínculo empregatício, "respeitado o interesse do trabalhador brasileiro". A ideia seria eliminar temporariamente a obrigação de que o Ministério do Trabalho tivesse que ouvir os sindicatos antes de conceder visto de trabalho para oficial estrangeiro.

O Syndarma vai enviar correspondências sobre a questão da mão de obra na marinha mercante para os ministérios do Trabalho, Transportes, Minas e Energia, Educação e Defesa. Também começa a pedir audiências com alguns ministros. Severino Almeida, presidente do Sindmar, criticou a proposta dos armadores. Disse que as empresas não olham o Brasil com visão de empresas brasileiras de navegação: "Querem praticar uma abertura que seja vantajosa para elas", afirmou. Segundo ele, não é preciso mexer na resolução normativa 72 uma vez que o artigo 3º oferece flexibilidade para deixar de contratar brasileiros quando a medida for necessária.

O estudo do Syndarma prevê a entrada em operação de 488 novas embarcações até 2020, incluindo navios-tanques, graneleiros, porta-contêineres, barcos de apoio às atividades de petróleo e plataformas. Para atender essa frota, serão necessários no período 5.437 oficiais, uma média de cerca de 11 profissionais por navio (cada embarcação divide os trabalhadores em equipes que se revezam a bordo).

O Conselho Nacional de Imigração não quis se pronunciar sobre a proposta do Syndarma pois ainda não a recebeu. Dados do Ministério do trabalho mostram que, em 2010, foram concedidas 3.715 autorizações para profissionais estrangeiros trabalharem em navios de outras bandeiras no Brasil, aumento de 54% em relação ao ano anterior.

A Transpetro, dona da maior carteira de navios de bandeira brasileira hoje em construção no país, também não quis comentar o assunto. A Transpetro disse, em nota, que acredita que ações conjuntas com a Marinha vão garantir a formação de tripulantes brasileiros para as embarcações da empresa. A Transpetro citou o esforço de todos os elos da marinha mercante para ampliar e melhorar os dois centros de formação de oficiais no país. A Transpetro tem hoje 2.232 marítimos e prevê contratar outros 1.700 até 2013. Em 2011, a empresa abriu concurso com 728 vagas para contratar oficiais, suboficiais e guarnição de marinha mercante.

Roberto Galli, vice-presidente executivo do Syndarma, disse que uma das contribuições do estudo revisado foi o conceito usado para medir a evasão profissional, um dos grandes problemas do setor. Galli disse que o trabalho considerou que existe uma curva de evasão ao longo da carreira do oficial. De acordo com esse critério, o estudo considerou que um ano depois de formados, 11% dos oficiais abandonam a carreira. Como é um curso superior, muitos oficiais optam por fazer concursos públicos em vez de trabalhar embarcados, longe da família.

O percentual de evasão cai nos anos seguintes até chegar a 2% no sexto ano, mas volta a crescer e no 11º ano depois da formatura a evasão atinge 10%. O estudo original considerava uma taxa de evasão fixa de 65% ao longo de toda a carreira do oficial. Ainda de acordo com o estudo, as escolas da Marinha devem formar 825 oficiais em 2011. Se for considerada a taxa de evasão de 11%, significa que em 2012 continuariam na profissão 735 dos 825 oficiais que se formaram um ano antes".

A nota emitida pela assessoria de Imprensa do SINDMAR:

 Sindmar alerta que dados sobre mercado
de oficiais mercantes estão equivocados
  
         O Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante (Sindmar) contesta as informações que têm sido divulgadas pelos armadores nacionais, de que há risco de déficit de mão-de-obra no setor. O Sindmar ressalta que as projeções feitas pelos armadores são equivocadas porque embasadas numa premissa de contratação de novos navios que não está sendo cumprida.
A entidade avalia que por trás dos rumores da perspectiva de carência de profissionais existe uma tentativa velada de alterar ou suspender por tempo indeterminado as exigências da RN 72 e RN 80. As duas resoluções normativas do Conselho Nacional de Imigração estipulam em que condições trabalhadores estrangeiros podem ser contratados para atuar no setor – em especial, quando há carência de profissionais brasileiros, o que não é o caso.
Marítimos de países de escassa proteção legal ao trabalho, como Filipinas, e de baixa qualificação técnica, aceitam se submeter a salários inferiores aos praticados no Brasil, sem apresentar, contudo, o mesmo desempenho profissional.
O presidente do Sindmar, Severino Almeida, explica que a demanda estimada para a compra de novas embarcações está “enormemente atrasada” e não há possibilidade de ser colocada em dia no curto e médio prazos.
O Fundo de Marinha Mercante (FMM), que responde por 80% dos financiamentos para o setor, ainda não escolheu as prioridades entre projetos que demandam, no total, financiamentos da ordem de R$ 12 bilhões. Por falta de reunião do Conselho Diretor do Fundo de Marinha Mercante (CDFMM), a política de liberação dos recursos que financiam a indústria naval brasileira ainda não foi definida para este ano. Esse quadro faz com que as entregas de embarcações fiquem indefinidas. As projeções dos armadores estão ignorando esses atrasos.
Severino Almeida acrescenta: “Existe defasagem tanto para os projetos que já foram aprovados pelo CDFMM, quanto para os novos projetos, entre outros fatores porque o colegiado não realiza reuniões há um ano e meio”.
Essas reuniões, explica Severino Almeida, com suas consequentes aprovações de projetos, são indispensáveis para a atualização da situação dos projetos já aprovados e não iniciados. Sem esses dados, não há como fazer qualquer previsão de efetivo aumento da demanda por oficiais mercantes, sobretudo no curto e médio prazos.
De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval Offshore (Sinaval), a falta de reuniões do Conselho e o atraso na definição dos projetos deixam em compasso de espera estaleiros e armadores.
Neste contexto, não há de se falar em déficit de oficiais mercantes. Além disso, estudo realizado em 2009 por dois estatísticos da UERJ, e divulgados pelo Sindmar, indicava equilíbrio no mercado, com ligeira sobra de oferta de profissionais".