Não é qualquer um que é convidado para um evento desses.
Trond Giske, abre o seminário
E deixa eu contar um segredinho a vocês: não foi à toa que nós estávamos lá sendo representados. Ser convidado para realizar uma palestra em um evento como esse, representar uma categoria perante diversas autoridades, e, principalmente, se fazer ouvir, não é para qualquer um. Não é só pelos lindos olhos azuis de ninguém. Muitas e muitas conversas e interlocuções tiveram que existir para que isso acontecesse. E somente isso não basta. Ser um sindicato forte e de visão ajudou muito nesses anos de busca por reconhecimento dentre as várias entidades que atuam no setor. Sair de uma condição de semi-falência para uma posição de reconhecimento e respeito dentro do setor não acontece apenas por vontade pessoal. Tem que lutar muito!
Nesse seminário Brasil/Noruega, realizado semana passada, no Hotel Marriot, em Copacabana, no Rio de Janeiro, nós, marítimos, tivemos voz e presença, na defesa de nossos interesses.
Com muito sorriso e simpatia o seminário contou com a presença de figuras importantes da Noruega e do Brasil.
Tanta simpatia me deixou muito "desconfiada" do real motivo desse seminário. Logo que cheguei ao hotel, diga-se de passagem, fui a 1°, primeiríissimaaaa, vi toda a movimentação para organização, e pensei: o que leva um país com tantos recursos tecnológicos e de tanta riqueza interna mandar tantas pessoas importantes ao Brasil?
Ao longo do dia, minha pergunta foi sendo esclarecida e fui tendo a certeza de que mais uma vez os armadores não estão para brincadeiras. Eles querem nos tirar de bordo! Repito: ELES QUEREM NOS TIRAR DE BORDO!
Durante o seminário foi assinado um Memorando de Entendimentos (Memorandum of Understanding) entre a CONTTMAF e os três sindicatos noruegueses existentes: um de guarnição, outro de Oficiais de Náutica e outro dos Oficiais de Máquinas. É bom destacar que o Memorandum registra a soberania dos nossos Sindicatos na Plataforma Continental Brasileira
Depois de ouvir um discurso muito cheio de blábláblás, escutei do representante dos armadores noruegueses que a RN-72, a única ferramenta que nos sustenta a bordo, era um entrave para que eles pudessem atuar aqui no Brasil. E ainda solicitou, “gentilmenteeeeeeeeeeeee”, que a flexibilizássemos.
Vamos parar com isso. Imaginem vocês se nós, marítimos, não tivéssemos alguém que nos representasse em um evento como esse?
Rebatendo de forma clara e objetiva, o presidente da CONTTMAF, Severino Almeida disse em alto e bom som:
"O sindicalismo marítimo brasileiro não realiza negócios e se preocupa principalmente com o aumento de empregos para os trabalhadores brasileiros”.
"O sindicalismo marítimo brasileiro não realiza negócios e se preocupa principalmente com o aumento de empregos para os trabalhadores brasileiros”.
Severino Almeida
O pior é que tive que escutar daqueles senhores tão simpáticos que nós, marítimos brasileiros, não somos qualificados para estarmos a bordo das embarcações deles. Nós, que passamos três anos dentro de um centro de instruções, estudando, estudando e estudando. Depois, enfrentamos um período de praticagem , fazemos cursos, ralamos pra caramba a bordo dos navios e barcos; e ainda me vem um senhorzinho "simpático" dizer que não somos capazes!?
Por alguns segundos senti mágoa, mas depois vi que o problema não é a nossa capacitação. Não temos problemas com isso. Acreditem, e vocês sabem, que o problema é que para eles somos caros demais. O que vocês acham que eles preferem? Um filipino ganhando quatro vezes menos ou nós brasileiros? Pensem bem! Vamos ficar atentos aos reais interesses desses “mui amigos”. Vamos ficar atentos às mudanças no nosso setor.
Johnny Hansen, Vice-Presidente do
Norwegian Seafarers Union, e eu
Norwegian Seafarers Union, e eu
Nenhum comentário:
Postar um comentário