quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Uma saga no CIABA: descaso com ex-alunos

Recebi um email da oficial de Náutica Tereza Cristina, que formou-se em 2002 no CIABA. Ela trabalha na Norskan desde ano passado e está embarcada no barco Skandi Copacabana. Conheci Tereza através de amigos em comum. Não tivemos muito contato depois, mas ela acredita no nosso Blog como instrumento de divulgação e de luta em favor de nós, Marítimos. Faço questão de publicar aqui na íntegra.


Tereza Cristina: "Não estou pedindo esmola; apenas quero respeito"
"Bom dia, Laura
 
Como prometido, segue o email com os detalhes do ocorrido presenciado por mim e provavelmente por outros oficiais.

No dia 27/10/10 me dirigi ao CIABA com intuito de solicitar a renovação do meu certificado curricular ESRS (vale ressaltar que nem sabia que este certificado tinha validade), que vencera em 20/09/10 quando eu estava embarcada. Como você bem sabe, é de nossa responsabilidade manter os documentos sempre em dia e nos modelos devidos.

Ao chegar ao CIABA, fui encaminhada ao setor de identificação e de lá ao setor de certificação (ambas as salas localizam-se ao lado do prédio P, uma ao lado da outra). No setor de certificação trabalha um senhor chamado Sávio. Lembro-me dele da época que cursei a EFOMM. Me repassou um requerimento para preencher com a solicitação da renovação do referido certificado, mas eu já estava de posse dos documentos exigidos, pois já tinha obtido informações na Delegacia do SINDMAR, em Belém.

Admirou-me o espanto do senhor Sávio pelo motivo da renovação, visto que, no conhecimento restrito dele, este certificado não tem mais validade, por conta de uma nova portaria. Porém, meu certificado foi emitido através de uma portaria anterior. Tive que explicar isso a ele.

Dentre os documentos exigidos para renovação do certificado, está a exigência do setor de certificação permanecer de posse da CIR. Fato que não concordo e não consegui achar em lugar algum que isso seja legal. Entregaram-me um protocolo - diga-se de passagem sem numeração de controle algum, apenas com uma data prevista para entrega após 15 dias úteis.

Passados os 15 dias, fui ao CIABA para receber meu certificado e posterior recuperação da minha CIR, pois precisava embarcar. Fui surpreendida pelo fato de que meu certificado não havia sido nem confeccionado. Ao questionar o senhor do atendimento sobre o motivo do ocorrido, este não soube me explicar a razão. Como eu já estava sem tempo hábil para resolver tal situação, deixei para resolver na folga seguinte.

Embarquei e retornei dia 16/12/10. No dia seguinte fui novamente ao CIABA e obtive a informação que eu deveria fazer um novo requerimento. Resumindo: iniciar o processo novamente. Porém, fui avisada de que não seria possível fazer tudo de novo devido ao sistema da DPC já ter encerrado por conta da época do recesso natalino.

Indignada com a situação, questionei quem seria a pessoa responsável pela emissão de certificados. O senhor Sávio encheu-se de dedos para me responder. Pareceu até amedrontado para dizer quem era. Mas fui ao setor de identificação e fui informada que era a Ten. Marcia. Liguei para ela através do telefone do CIABA mesmo, visto que não há autorização da entrada de ex-alunos caso não seja acompanhado por algum funcionário do Centro. Fato absurdo que me deixou bastante ofendida. Não só por mim, como por todos os ex-alunos. Afinal de contas vivemos parte de nossas vidas naquela escola, e, ao retornarmos, seja qual motivo for, somos proibidos de entrar. Lamentável. Não conheço nenhuma instituição de ensino que proceda dessa forma.

Voltando ao assunto do certificado, conversei com a Ten. Marcia. Expliquei toda a situação e disse que eu merecia uma satisfação por todo o ocorrido. Inclusive de que eu estava submetida a algum tipo de punição por parte da empresa que trabalho pelo fato de estar com meu certificado vencido e sem nenhum protocolo para comprovar que o processo já havia sido iniciado. Reclamei do tratamento frio e grosseiro por parte do funcionário do setor de certificação. Como uma pessoa que trabalha com atendimento ao público pode se portar de forma tão grosseira, a ponto de questionar dizendo que minha representação sindical não poderia fazer nada por mim, caso eu fosse reclamar dos fatos ocorridos? Puro desconhecimento, diga-se de passagem.

A Ten. Marcia abriu uma exceção e solicitou que o mesmo funcionário aceitasse meu requerimento novamente. Ela iria ficar responsável pela emissão e assinatura por parte do CMT do CIABA no meu certificado. A Ten. Marcia pediu que a procurasse, via telefone, em meados do dia 05/01/11, data de retorno do recesso. Vale ressaltar que eu já estava com embarque para o dia 08/01/11. Na referida data, liguei para a mesma. Após inúmeras tentativas frustradas, consegui finalmente que ela falasse comigo. Ela me informou que meu certificado já estava pronto, porém não haveria possibilidade do CMT do CIABA assinar, porque este havia saído de recesso e não voltaria em tempo hábil para assinar e eu receber para embarcar.

Fui convencida apenas, com uma garantia de que, ao retornar, eu iria receber meu certificado assinado. A CIR com a etiqueta do curso assinada, tudo no mesmo dia, visto que não precisaria deixar a CIR, lembrando que no CIAGA o processo é diferente. Não precisa deixar a CIR. A etiqueta assinada é colada no dia que você vai buscar o certificado.

Não consigo entender como duas instituições sob a mesma administração procedem de formas diferentes. Imagine o tamanho da minha indignação. Fui ao CIABA pegar minha CIR, pois precisava embarcar. Embarquei novamente com o certificado vencido. Estressada com toda essa situação, resolvi escrever para o blog MULHERES MERCANTES, colocando que essa situação é inaceitável para quem tem período curto de folga para resolver todos esses problemas. A impressão que dá é que ao sairmos da escola não temos mais vínculo nenhum. Sabemos que não é verdade pois existem muitas coisas que precisamos nos dirigir ao CIABA para adquirir. Afinal, como mencionei anteriormente, fiz parte dessa escola. Fazemos parte até hoje, pois essa escola só existe por conta da verba que "nós", marítimos, fazemos surgir ao trabalharmos e darmos lucro às empresas de navegação.

Bom, como tenho um pouco mais de intimidade com você, resolvi contar-lhe e conto com sua ajuda, para externamos essa indignação através do blog MULHERES MERCANTES. Acredito que essas coisas talvez nem sejam de conhecimento do CMT do Centro. Se não for, que passe a ser. Mas se for, que o Almirante da DPC fique sabendo do que está acontecendo. Certo não é. E não estou pedindo esmola, nem nada de mais, apenas quero respeito. Como qualquer cidadã brasileira e principalmente marítima, uma das profissões mais importante para a economia do mundo.

Acho que me fiz entender, Laurinha. Qualquer coisa é só escrever.
Fique com Deus
Bjks
Tereza Cristina
Oficial de Náutica"

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