sexta-feira, 11 de março de 2011

Marítimos e consumidores questionam os cruzeiros, informa jornal

Li no clipping do SINDMAR e reproduzo para vocês na íntegra.


Monitor Mercantil – Reportagem - 10/03/2011

Marítimos e consumidores questionam os cruzeiros
A todo momento, alardeia-se que a temporada de navios de turismo é um sucesso. Há dez anos, eram pouco mais de 100 mil passageiros, e, para a atual, que vai até maio, estão previstos 884 mil pessoas, em 20 navios, todos estrangeiros. Fala-se em entrada de dólares e gastos nos pontos de atracação, mas tudo é contestado. Aproveitando-se do frio no Hemisfério Norte - o que os obrigaria a ficarem paralisados - os transatlânticos atracam no Brasil, mas operam quase que exclusivamente com turistas nacionais. A percentagem de estrangeiros é inferior a 10% e, portanto, não ocorre a esperada entrada de divisas. Quanto aos gastos dos passageiros em terra, que seriam de US$ 200 por dia, por passageiro, o dado é contestado por agentes de turismo e donos de restaurantes.

Três setores são mais duros ao questionar os cruzeiros: os marítimos, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e entidades ligadas aos consumidores. O presidente doSindicato dos Oficiais de Marinha (Sindmar), Severino Almeida, destaca que, em geral, a costa brasileira é restrita a navios nacionais, mas, para turismo, foi dada inexplicável exceção através da Emenda Constitucional 7, de 1995. Almeida critica o fato de só haver necessidade de uso de marítimos brasileiros após 90 dias em águas nacionais, porém uma simples atracação em portos vizinhos de Uruguai e Argentina dá condições à embarcação de retornar ao litoral brasileiro sem aqui gerar empregos. "O Sindmar entende que o turismo marítimo deve estar atrelado à geração de empregos para brasileiros, além de estimular encomendas a estaleiros nacionais". Para o Sindmar, deve haver fiscalização rígida sobre qualidade de alimentos e até sobre lançamento de esgoto desses navios, fatos que têm levantado dúvidas.

Brasileiros contratados para outras funções a bordo, até recentemente, eram considerados sem direitos pelas empresas de cruzeiros. No entanto, recente decisão do Superior Tribunal de Justiça impôs que contratos feitos pelos transatlânticos, com domicílio em pequenas ilhas-países, são inválidos, ou seja, o STJ concluiu que a justiça do trabalho é competente para julgar questões de brasileiros com esses navios - sempre registrados em paraísos fiscais. Diz uma fonte da Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF):

"Camareiras, músicos, garçons, recreadores, trabalham até 18h por dia e, por medo de não obterem renovação, aceitam as imposições". A Antaq informa que controla todo tipo de embarcação na costa brasileira, exceção feita aos transatlânticos, que gozam de direitos especiais, injustificados.

No último Natal, registrou-se o caso do MSC Musica, que não deixou o Porto do Rio, por problemas com o ar condicionado. Segundo a ONG Férias Vivas, já houve casos de médicos de bordo que não falavam português. Um dos problemas mais constantes têm sido as intoxicações a bordo, o que tem gerado reclamações na justiça do Rio, São Paulo e outros locais do país. Em suma, como diz Severino Almeida: "Não se pode ter um segmento em que o glamour e o enriquecimento fiquem com os estrangeiros e os problemas com os brasileiros. Os transatlânticos devem ter ônus e bônus do mercado brasileiro, não apenas direitos".

Um comentário:

  1. Olá Laura,
    vim aqui deixar meu depoimento acerca do trabalho em navios estrangeiros.
    Durante o ano passado participei da seleçao de brasileiros em Fortaleza para trabalhar nos navios da MSC, juntamente com outros colegas que fazem faculdade de turismo e sonham em trabalhar no mar. Ao fim do ano fui selecionada com mais duas amigas para embarque em dezembro no MSC musica, por nao ter condiçoes financeiras para pagar os custos dos cursos necessarios, que no total sao em torno de dois mil reais, decidi recusar a proposta e adiar o embarque. Ao contrario de mim, minhas duas amigas embarcaram no Rio de Janeiro em dezembro, com um atraso devido ao incendio, o navio so deixou o porto do Rio para as festas de Ano Novo.
    Mais ou menos 15 dias depois minhas amigas relataram que ficaram doentes e mesmo assim so foram medicadas e tiveram que retornar ao trabalho, uma delas se sentiu muito mal e nao pode continuar o trabalho, esta apos se sentir melhor, retornou ao trabalho dois dias depois, e foi muito humilhada pelo seu superior e colegas. Essa humilhaçao foi tao grfande que a fez desisti e ao fim de janeiro ela ja estava de volta a Fortaleza.
    A minha outra amiga permanece no navio mas me relata sempre por emails e mensagens que aproveita seu tempo livre apenas para dormir, pois colegas e superiores estao fazendo pressao para que os brasileiros desistam antes da temporada na Europa.
    Isso me fez abrir os olhos para esse mercado, que assim com outros setores do turismo, exploram os trabalhadores brasileiros e estes por medo se sentem impotentes e aceitam pois nao tem nenhum órgao ou representante que lutem por eles.
    É muito triste ver como o sonho de trabalhar e viver no mar se acaba e as vezes traumatiza nossos colegas brasileiros.
    Mais uma vez deixo os parabens para seu blog.
    Um beijo,
    Jessica Fernandez - Fortaleza - Ceará

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