quarta-feira, 28 de agosto de 2013
Faltam 100 Dias para a formatura de curso Ciaba 2013
Na contagem regressiva para a formatura de conclusão do curso no CIABA, hoje, os alunos chegam a marca de 100 dias para o grande dia.
Sei muito bem a ansiedade que toma de conta de todos nesse dia especial. Desejo aos alunos e alunas muito sucesso e aguardo a todos como companheiros de profissão.
Vivaaaaaaaaaaaa aos 100 dias!!!!
E para comemorar com eles, o nosso blog retransmite a mensagem que a aluna Eduarda Galvão postou em seu Facebook. E uma seleção especial de fotos.
"Adaptação? marcha, sol, corrida, sonhos, sol, marcha, hinos, sol, sono, sono flexão, sol, marcha... enfim.
ALUNOS!
Primeiro ano? Sono, serviço, algodoal, marchas, um pé quebrado, uma feira incomum, volta o cão arrependido, um carro no barranco, h3 alagado, Adeus vida de Fera!
Segundo ano? Que eu tô fazendo aqui? Ajoelhou? Reza! 500 dias? Falta muito ainda! Passa logo essa cana!
VETERANOS!
Terceiro ano? agora sim, a voga. Estuda estuda, Cotijuba, Algodoal, famosa casa do caranguejo, Monografia, Tensão pré-praticagem, uhul simuldador! 100 DIAS!
Dá pra acreditar que só faltam 100 dias? Cada um passou por suas próprias batalhas para chegar aqui, mas a Turma Leviatã passou por muita coisa junta para estar aqui. Chegamos a reta final guardando no peito as pessoas que nos conquistaram e levaremos conosco. No final, aprendemos que por mais que existam pessoas que nos desagradam, aprendemos a engoli-las por um bem maior, nossa turma. Que venha a formatura, que venham os sorrisos e as lágrimas de felicidade. Estamos quase lá! #100dias"
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
As alunas perguntam, as oficiais da Marinha Mercante respondem
Eu simplesmente adoreeeeeeeeeei fazer este post. Há alguns dias atrás recebi de uma aluna do CIAGA algumas dúvidas que ela teria sobre a profissão. Então contei com a ajuda de algumas amigas Oficiais para respondê-las. Espero que tenhamos conseguido tirar todas as dúvidas. Se não, mandem mais e mais e maaaaais perguntas. Será um prazer respondê-las.
Alunas do CIAGA |
IMT Tereza responde as alunas |
Quando uma
mulher resolve parar de embarcar, quais os tipos de emprego que ela pode
arranjar na área, mas em terra?
- Esse tipo
de resposta é bastante subjetiva. Acho até que seria um pouco de grosseria de
minha parte falar, mas a gente faz escola para embarcar. Porém, as coisas vão
acontecendo e nossas vidas podem tomar rumos diferentes. Mas temos a
oportunidade do quadro complementar da Marinha do Brasil, se tornando militar
dessa forma. Têm os estaleiros, empresas Classificadoras, e as próprias
empresas de navegação em seus escritórios. Bem como prestar concursos públicos.
O segredo é não parar de estudar, pois as oportunidades vão surgindo.
No quesito
vaidade, há alguma proibição a bordo?
- Bom, nas empresas nas quais trabalhei e
trabalho hoje, a restrição existe apenas no caso de trabalho no convés e na
máquina por questão de segurança. Não deve-se usar adornos, porém em relação a
maquiagem não. E na superestrutura não há proibição. Mas levando-se em
consideração que a bordo, mesmo nos horários de folga, nós estamos de
prontidão, em caso de uma emergência, temos que agir rapidamente. Sendo assim,
recomendo não usar. Deixe para o dia do desembarque. (rs)
A questão da
escala sempre foi uma grande dúvida pra mim. É a empresa quem escolhe em que
escala você vai trabalhar? Conseguir uma 28/28 ou 14/14 é muito difícil pra
quem está começando?
- No momento
da entrevista e/ou contratação, a empresa informará o regime de embarque que
varia de acordo com cada uma. Cabe a pessoa decidi a que acha melhor para si.
Em minha opinião, para quem está começando, a melhor escala é de navio
mercante. Depois que você tiver um pouco mais de experiência, você passa para
uma escala menor. Mas a bem da verdade é que isso depende da particularidade de
cada um.
E quanto ao
casamento e gravidez, gostaria de saber se depois de casadas e com filhos vocês
continuam embarcando ou arranjaram um trabalho em terra?
- Algumas
continuam embarcando, outras optaram por não embarcar mais, outras optaram
trabalhar em terra. Mas a mulher tem que ter muita consciência de que os
salários não são os mesmos. Bastante inferiores os de terra com os de bordo.
Quanto às
empresas, quais as melhores de offshore que têm?
- Depende do
objetivo de cada um. O que pode ser bom para alguns não tem importância para
outros. Para quem está começando, qualquer empresa é boa. Depois de adquirir
experiência e demonstrado profissionalismo, você vai vendo o que uma tem de
melhor em relação as outras. Tem-se que levar vários fatores em consideração. Normalmente
esses fatores só são enxergados com o tempo, ou melhor, depois que se embarca.
O que é
necessário para trabalhar em plataformas? É realmente melhor do que trabalhar
embarcado?
- Não tenho
experiência para falar sobre isso. Pois nunca embarquei, mas os relatos que
tive das pessoas que trabalharam e/ou trabalham é que o melhor, é o tempo de
embarque.
Alunas do CIAGA |
1ON Silvana responde as alunas |
É verdade que
ocorrem mais assédios sexuais da parte dos homens numa viagem mais longa, por
exemplo, se optarmos pelo longo curso?
- A realidade
que o assédio pode ocorrer sim, mas o
que vejo no dia-a-dia a bordo é que a maneira com que você age e se comporta
influência muito na atitude dos homens de bordo com relação às mulheres. Quando
fiz viagem de longo curso, o Comandante que eu trabalhava aconselhou que a
gente usasse roupas mais folgadas e sem decote.
Para quem
quer manter um contato melhor com família, e para quem quiser entrar na
internet com mais frequência ou ter algum sinal no celular, se possível, existe
algum tipo de navio melhor? Ou é melhor um offshore, plataforma, sei lá?
- Hoje em dia
a comunicação é bem mais fácil. A maioria dos navios e rebocadores já tem
internet o que ajuda muito na comunicação, tem wi-fi, o que possibilita estar
sempre conectado. E todos os rebocadores que trabalhei têm telefones que podem
receber chamadas, além de algumas de vocês terem a possibilidade de fazer
ligações. Já quanto a sinal de celular vai depender mesmo do tipo de embarcação
que você estiver trabalhando. Na cabotagem os navios sempre estarão indo ao
porto ou os Rebocadores PSV que pelo menos uma vez na semana estão no porto.
Muitas
mulheres têm um relacionamento com mercantes. Se não for, como vocês fazem para
lidar com a distância?
-
Relacionamento a distância é sempre complicado. Quando se namora um mercante
fica mais fácil. A maior confusão é tentar embarcar junto ou pelo menos fazer
com que as escalas de embarque coincidam ou pelo menos fique próximo. Embarcar
com namorado é muito bom. Ter alguém que você realmente confie e possa contar a
bordo é maravilhoso. Faz os dias passarem mais rápido. Você só tem que aprender
a dividir trabalho do relacionamento porque senão vai ser mais complicado estar
embarcado juntos do que lidar com a distância.
Alunas CIAGA |
1OM Adriana Borges responde as alunas |
Em que ano
você se formou?
- Me formei
em 2006 e terminei a praticagem em 2007.
Como foi a
recepção dos maquinistas em geral? Foram preconceituosos? Fizeram alguma
piadinha? Ensinaram as coisas durante a praticagem sem preconceito e de boa
vontade? Como é agora o seu relacionamento com eles lá dentro? Você já chegou
lá sabendo muita coisa ou meio "zerada"? Você sentiu algum tipo de
"teste" dos homens de lá para saber se você era boa ou não, por
machismo?
- No geral a
recepção dos maquinistas foi boa. Por sorte, na minha praticagem, peguei um
navio petroleiro velho (N/T Lages), mas com uma tripulação excelente. O chefe
de máquinas me ajudou muito. Ensinava e não tinha preconceito algum. Mas teve um
maquinista que se recusava a ensinar uma praticante maquinista mulher. Minha
sorte é que embarquei com outro praticante maquinista homem. Aí pegava o bizu
com ele. O que o outro maquinista preconceituoso passava para ele, ele passava
para mim.
Mas com o
tempo fui mostrando para que eu estava ali para trabalhar e fui conquistando a
confiança dele. Mas também tinham outros maquinistas, marinheiro de máquinas e
moço de máquinas que ajudavam. Não se iludam.
TODOS no navio têm muito a nos ensinar. Eram super atenciosos. Mas é
certo que também temos que fazer nossa parte. Correr atrás, ler manuais,
perguntar. Se tinha manobra nova, eu ficava depois do horário, no meu quarto de
serviço para ver e aprender. Até porque na escola aprendemos o básico. Algumas
vezes os equipamentos que estudamos na escola têm a tecnologia menos avançada;
e a cada quarto de serviço aprendemos uma coisa nova. Cada embarque em um navio
novo é uma nova praticagem. Os princípios dos equipamentos são os mesmos, mas
nas manobras usamos alguma tecnologia que a gente ainda não tem conhecimento ou
só ouviu falar.
Precisamos
estudar sempre. Terminando a praticagem, voltei ao mesmo navio e fui ser
maquinista, junto com ele, o ex-preconceituoso
(rs). E lá fiquei por dois anos. Mudei de empresa e fui para um PLSV. No início
é sempre a mesma desconfiança. Dessa vez foi um pouco pior por ser barco
estrangeiro. Eu era brasileira, maquinista e mulher. Desconfiança dobrada.
Muitas vezes,
em atividades simples, como limpar um filtro de óleo, eu era vigiada para ver
se estava fazendo certo. Fazia que não via e continuava meu trabalho. Mas isso
nunca me incomodou. Sempre fiz minha parte, sempre fiz o meu melhor para
mostrar a minha capacidade profissional. Se tinha dúvidas, perguntava a outro
maquinista ou ao primeiro maquinista ou ao chefe. Sem a menor vergonha. E mais
uma vez consegui conquistar a confiança e o respeito deles. Passei três anos
nessa empresa. Hoje já sou 1OM e estou de subchefe em uma embarcação PSV. No
meu primeiro embarque, a tripulação de máquinas se questionou: “uma mulher
1OM?”. Aí embarquei, fui testada alguns dias e deu tudo certo. Faço que não
estou sabendo que estou sendo testada. Faço meu serviço e vou conquistando meu
espaço. Hoje, com mais experiência, é mais fácil. Mas sempre temos que mostrar
que somos capazes. Graças a Deus, apesar dos preconceitos, de alguns testes
para saber se eu era capaz, nunca ocorreu desrespeito comigo. Depois que
mostramos nossa capacidade tudo fica mais fácil.
Quero muito
agradecer a parceria das Oficiais que se propuseram a ajudar e a aluna Keyla
Regina que nos enviou as perguntas.
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