segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Vasa, o navio que afundou, foi esquecido, virou museu e hoje é atração turística em Estocolmo



"Navigare necesse; vivere non est necesse"

A frase, ora atribuída a Camões, ora atribuída a Fernando Pessoa, mas que na verdade, segundo a maioria dos estudiosos, é mesmo de Pompeu, general romano, que viveu antes de Cristo, foi dita aos marinheiros, amedrontados, que se recusavam a viajar durante a guerra.

“Navegar é preciso, viver não é preciso” nunca se fez tão presente nas minhas lembranças quanto na visita àquele museu sueco. Justo naquele instante em que eu apenas botava para fora o meu instinto de mulher e resolvia aproveitar o pequeno tempo livre disponível no intervalo de um seminário para fazer umas comprinhas básicas. Mal sabia eu, com minha veia de marinheira, que iria conhecer de perto um dos mais incríveis monumentos da história da navegação no mundo: o navio Vasa.

Fui a Estocolmo para participar de um congresso que durou oito dias. Em um desses dias eu não precisei participar. Eu e mais uma amiga saímos andando pela cidade. Foi ela que me falou do museu. Eu nem sabia da existência dele. À tarde pegamos uma balsa e atravessamos um rio. Foi surpreendente quando vi aquele navio imenso, real, dentro de um museu.

Para os que nunca ouviram falar do Vasa, um pequeno resumo do que pesquisei recentemente na internet:

“O Vasa (ou Wasa) foi um navio de guerra, construído para o Rei Gustavo Adolfo da Suécia de 1626 a 1628. O navio afundou e naufragou após velejar menos de uma milha náutica (cerca 1.8 km) em sua viagem inaugural, em 10 de agosto de 1628. O Vasa foi inicialmente esquecido após tentativas de recuperar seus preciosos canhões no século 17, sendo localizado novamente no final da década de 1950, na saída da baía de Estocolmo. O navio foi recuperado com o casco quase intacto em 24 de abril de 1961, sendo alojado em um museu temporário chamado Wasavarvet ( ou "O Estaleiro Wasa") até 1987, quando foi transferido para o Museu do Vasa em Estocolmo. O navio é uma das mais populares atrações turísticas da Suécia e, em 2007, atraiu mais de 25 milhões de visitantes”.

As informações acima estão no site da Wikipédia ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Vasa_(navio) ) Tem uma reportagem interessante também no site da revista Aventuras na história.

Nossa, acho difícil, muito louco como eles conseguiam atravessar mares sem recursos. E era um navio de guerra, né? Diferente do que estou acostumada. Até gostaria de sentir a experiência, tipo “Piratas do Caribe”. Acho que seria uma aventura legal. É tão difícil de acreditar que ele afundou que nem o Titanic, não é? Como afundou? O que aconteceu com o Titanic foi um erro humano, durante uma manobra. O que aconteceu com o Vasa foi um erro humano, na execução do projeto. Foi falta de tempo, devido à pressão da corte para colocá-lo na água. Acho que as pressões fizeram com que os engenheiros da época não tivessem tempo para calcular a infinidade de coisas necessárias para que um navio navegue com segurança; ainda mais um navio de guerra, de madeira e vela, carregado de canhões, gente, suprimentos etc. Ruim saber que um monte de gente morreu. E por erros políticos, por pressão.

Foi muito legal ver naquele museu como era feita a navegação na época. Até para mim, que navego, foi diferente. Ver como eles se orientavam pelo sol e pelas estrelas. E os equipamentos que eles usavam?! Pesadoooos..... Como o sextante, por exemplo, que é um instrumento que até hoje usamos na navegação astronômica, mas na época deles era algo muitooooo arcaicos, diferentes.

E uma curiosidade: como naquela época eles conseguiam tanta madeira para flutuar?

E a comunicação?  Eles não se comunicavam com terra. Eram meses e meses sem nenhuuuuuuma  comunicação. Hoje temos, rádio vhf, AIS e até mesmo internet .Temos até Sky a bordo.

Quase esqueço de falar de Estocolmo. A Suécia é linda!! Só não gostei das comidas... Afff. Passei mal. Até o Mac Donalds era ruim.

 Ao final da visita, ainda animada com o que vi no museu, fui despertada por uma de minhas companheiras de seminário que, em tom descontraído, perguntou:

“Se tivesse que botar alguém dentro desse navio para afundar junto e sumir do mapa, quem você botaria?”.

Respondi de primeira: “Meu ex-marido, claro”.

E saí cantarolando pelas ruas de Estocolmo a música de Caetano Veloso: “Navegar é preciso, viver não é preciso”.

Se você quiser conhecer o site do Vasa Museu, clique aqui.

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