Uma empresa a beira do naufrágio? Será que é essa a
ideia que devemos ter da TRANSPETRO.
Conversamos com a delegada do SINDMAR em Aracajú,
Symone Soares que nos falou sobre as notícias de venda de 23 navios da empresa.
Como o sindmar recebeu a notícia da venda dos navios da
empresa?
Notícia assim gera desconforto, claro, principalmente
quando lembro que retirar 23 navios da frota seja para venda, alienação ou
qualquer outra coisa, é muito rápido porém, para a construção e reposição desse
mesmo número de navios levaria algumas dezenas de anos ...pior ainda é imaginar
que essa venda não irá resolver os problemas de caixa da Petrobras, aliás não
chega nem perto dos desvios que a Petrobras sofreu ao longo dos anos. Acho
importante frisar a frase “ao longo dos anos” porque muitos de nossos
companheiros acham que desvios começaram no governo do PT, é importante lembrar
as nossos colegas que a corrupção é parte da história do nosso país, vem de
muito tempo. Hoje, infelizmente não temos partidos políticos que mereçam
defesa. O que nós, brasileiros temos que analisar é o que pode ser menos
prejudicial para o trabalhador como um todo.
Como essa ação da empresa reflete no cenário atual?
Sabemos que as consequências da saída de 23 navios
atingirão diretamente as tripulações que guarnecem esses navios, poderá sim
haver demissões. Hoje, diante desse cenário, ainda chega perguntas pra mim
sobre, por exemplo, o pagamento da PL (Participação de Lucros). É incrível como
algumas pessoas não entendam o cenário que estamos vivendo. Pior mesmo é querer
“tirar leite de pedra” falando que o Sindmar teria que obrigar a Transpetro a
pagar tal PL mesmo sabendo, acredito eu que saibam, que a PL não é obrigatória.
Viemos a algum tempo conversando com nossos representados que uma maneira de
fazer isso se tornar obrigatório, passando a converter a PL em um valor
percentual que pudesse ser colocado em ACT. Daí sim, o não pagamento implicaria
em problemas pra Empresa e o Sindmar poderia intervir de maneira legal.
Na última negociação, senti na pele como a empresa usa o
pagamento da PL para manipular seus funcionários. A luta é grande e o trabalho
de fazer com que nossos marítimos entendam que devam pensar no futuro
resistindo a tentação de ceder ao dinheiro momentâneo não é moleza. A maior
prova disso é que o carro chefe da nossa campanha pelo 1x1 não prevaleceu.
Lamentável para uma empresa do porte da Transpetro se formos comparar com as
empresas menores e até mesmo consideradas “pirangueiras”. Acredito eu que, como
a empresa não pagou a PL da última negociação, a ficha dos nossos companheiros
acabe caindo. Assim espero e ainda tenho esperança.
Como podemos, nós marítimos, aproveitar esse "mar
grosso", e ter chances de ventos bons na frente?
Vamos trabalhar com este fato. Aliás, devemos relembrar
nossos companheiros pois a chance da Transpetro dizer que com a assinatura do
novo ACT , eles pagarão duas Pl´s ou então , Pl´s reajustadas , ainda é grande
. Espero que os marítimos não caiam mais nesse conto de fadas e tomem
posicionamento a favor do que o Sindmar indicar durante a negociação. Vale lembrar
que não haverá outro momento mais favorável a conquistar o 1x1 . Na realidade,
vejo que isso será uma saída para evitar o desemprego já que esses navios
saírão da frota.
Como podemos ajudar ao Sindicato nesse processo?
Ouvir, acompanhar e participar do que o Sindmar está
indicando aos seus representados. Hoje, vejo companheiros nossos que tem
verdadeira veneração pela empresa que está empregado e acredita piamente no que
ela diz. Lógico que o funcionário deve querer o melhor pra sua empresa pois é
de lá que vem o seu sustento porém, consultar o sindicato quando houver
qualquer dúvida seja com relação a causas trabalhistas, descontos, etc., se faz
necessário, sempre. Alguns oficiais reclamam noite e dia de algum desconto que
veio em contra cheque e faz a consulta somente a empresa. Esta por sua vez, “safa”
o lado dela, porém, aproveita para jogar o funcionário contra o sindicato. E consegue,
infelizmente porque este cidadão não procura outro meio de receber a informação
correta e muitas vezes corrigir o erro que levou a tal desconto. Deve-se vestir
a camisa da empresa sim com profissionalismo e ética mas também deve-se
resguardar. A cada ano que passa, surge mais e mais ideias criativas dos nossos
armadores tentando tirar os brasileiros de bordo. Na realidade, trata-se de tentar
igualar aos padrões internacionais de trabalho, neste caso, igualar por baixo,
salários, sistema de repouso, o não pagamento de benefícios e por aí vai. Tudo
que não precisamos perder depois de tantos anos de lutas para obter essas
conquistas. É necessário lembrar que as condições de trabalho do marítimo
brasileiro são muito invejáveis por outros países que já perderam suas marinhas
mercantes para as bandeiras de conveniência. Nossos companheiros devem dar
valor a este sindicato que ainda consegue manter um patamar de condições
diferenciadas do atual cenário internacional.
Este ano é ano de negociação. Vamos bater forte em cima do
1x1 e neste momento, como uma necessidade para evitar desemprego. Vocês devem
estar atentos ao que for colocado, devem acompanhar o que o Sindmar indicar
pois a vitória do marítimo da Transpetro está também relacionado a essa
conscientização de não somente pensar no hoje e sim no próprio futuro da
categoria.