Hoje vou apresentar a vocês nossa amiga e companheira de
profissão Luciana Custódio. Ela se formou pelo CIABA em 2011 e atualmente é prática de Náutica na empresa Maersk. Após ser aprovada no concurso da escola, ela iniciou sua praticagem
em navio e atualmente está no Offshore.
Com um irmão mais velho na Marinha Mercante, ela me contou que não sofreu influências para optar por Náutica, mas mesmo
assim admira e tem muita curiosidade pela profissão de Máquinas.
Os maquinistas não se importavam com sua presença no ambiente
de trabalho deles? Não rolava um ciúme?
- Não, pelo
contrário. Eles gostavam da minha iniciativa de aparecer lá para conhecer.
E eles
faziam o mesmo no passadiço? Tinham curiosidade de ir lá?
- Que nada. Eles iam sempre ao passadiço durante a noite, mas somente pra interagir,
conversar, tomar café... rsrs... não para trabalhar. Como na Maersk,
a maioria dos oficiais é “dual”, eles terminam a faculdade tendo carta pra
exercer as duas profissões. Mas claro que eles têm que escolher uma. Por isso
eles conhecem bem tanto de Máquina quanto de Náutica e como eu não tenho isso,
fiquei interessada e ia sempre lá para aprender mais.
"Eles iam sempre ao passadiço durante a noite, mas somente pra interagir, conversar, tomar café, afirma Luciana sobre seus companheiros oficiais de Máquinas" |
O que de
mais interessante aprendeu nessas suas visitas?
- Aprendi
muita coisa. Principalmente com relação a operações Offshore... Supply, Anchor handling, lançamento de torpedos, scale squeeze,
bunkering…
Qual era
a nacionalidade destes tripulantes?
- Variava muito.
Dinamarqueses, ingleses, poloneses, russos, eslovenos, escoceses,
brasileiros...
Me fale mais sobre essa condição dos oficiais serem Dual. O que você sabe sobre isto?
- Olha, na Dinamarca,
eles promovem isso. Por exemplo, e ao contrário do Brasil, eles se formam num
total de 5 ou 6 anos, mas nesse meio tempo, eles embarcam e voltam para a escola. Assim eles aplicam o que aprenderam na
faculdade. Já nós, brasileiros, chegamos meio “zerados” nos navios. Infelizmente esta é
a nossa realidade! Eles têm conhecimentos dos dois ramos, mas, no final do
curso, escolhem o que eles preferem. Atualmente, na Dinamarca, eles estão
acabando com esta prática, porque, como no final do curso eles somente escolhem
um, não haveria a necessidade deles
ficarem tanto tempo na faculdade.
Entendi. E você sofreu influência do seu irmão para fazer Náutica?
- Em parte sim, mas hoje vejo com outros olhos a profissão de Máquinas. O pessoal no meu
navio me chamava de “dual cadet”.
Devido ao seu interesse pelo ambiente de máquinas, a Praticante Oficial de Náutica Luciana ficou conhecida como "Dual Cadet" |
Muuuuuuuuuito
obrigada Luciana por participar do nosso Blog. Assim como você, outras meninas que
queiram contar sua história ou dividir conosco algum episódio ou curiosidade na
profissão, basta me enviar um email. Para quem ainda não sabe, o email do nosso
blog é: mulheresmercantes@gmail.com.