Isabela e Pedro
Olá, pessoal, hoje nossa entrevista é com Isabela. Ela passou por situações muito difíceis no momento da vida em que uma mulher mais precisa de paz: a gravidez. Após sofrer com a empresa que não lhe deu nenhum apoio e suporte. O primeiro post sobre a história da Isabela foi publicado aqui no nosso Blog em 10 de novembro de 2010.
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Hoje, dois anos depois de toda a sua história, ela nos conta como está sua vida... Leiam.
Foram momentos dolorosos e sei que é difícil de lembrar, mas o que mais fez você sofrer naquela época?
- É sempre difícil relembrar um passado ruim, mas tudo que passei me serviu de lição de vida no qual eu amadureci e me tornei uma mulher mais forte para enfrentar qualquer outro obstáculo que a vida venha a me proporcionar. Lembro perfeitamente de tudo e o que mais me fazia sofrer eram os dias que passei sozinha em hotéis e pousadas, sem ter ninguém para conversar, das pessoas da empresa me ignorando como se eu fosse uma estranha no ambiente deles, no qual nenhum entendia que a única coisa que eu buscava eram os meus direitos. Por fim, o que mais me deixou intrigada foi a falta de compreensão da empresa e as humilhações que ela me fez passar, chegando ao limite que toda aquela situação estava me fazendo tão mal que tive que ser socorrida por fortes dores na barriga. Enfim, depois disso tudo, o mínimo que a empresa fez foi me mandar de volta para casa, com o salário permanecendo reduzido.
Você, como mulher, marítima e mãe concorda com a afirmação de que a mulher grávida não tem condições de permanecer a bordo?
- Com certeza. Concordo que não tem condições alguma para se desenvolver uma gravidez dentro um navio, plataforma ou qualquer outro tipo embarcação. O ambiente não é propício, além de ser bastante inseguro.
Como foi seu retorno depois da sua licença maternidade? Como foi em casa e na empresa?
- Foi bastante difícil ter que deixar meu filho ainda amamentando e com quatro meses de idade em casa para passar 28 dias longe. Eu ainda solicitei para a empresa mais dois meses, totalizando seis meses, mas ela foi bastante prepotente dizendo que a Norskan não fazia parte das empresas cidadãs no qual eu teria que embarcar. Então eu tive que abandonar a amamentação do meu filho com três meses para ele já ir se adaptando ao leite industrializado. Graças a Deus ele se adaptou muito bem, mas foi o final de ano mais triste da minha vida, onde justamente minha licença tinha vencimento em dezembro de 2010 e eu embarquei dia 15 deste mesmo mês, desembarcando somente em janeiro de 2011. Enfim, passei o primeiro Natal e fim de ano longe do meu filho. Eu sou a favor de que as empresas que trabalham no ramo marítimo devam participar do Projeto do Governo que integram as empresas para que elas deem mais dois meses de licença maternidade no qual é chamado de Empresa Cidadã. Até porque temos um trabalho diferenciado de todos os outros.
E agora? Dois anos já se passaram. A empresa indenizou você pelos danos causados?
- Esse caso ainda deve demorar um pouco mas acredito que a empresa irá ser punida. Entrei com um processo na Justiça e, agora em outubro, irá acorrer a quarta audiência. Mas estou correndo atrás para que eu seja indenizada. Não vou deixar a empresa impune. Creio que esse é um exemplo que deve ser seguido por todas as meninas que passarem por essas dificuldades. Temos que correr atrás dos nossos direitos.
Vamos falar da melhor parte de toda esse história. Seu filhinho, Pedro, como ele está? Fala um pouco dele para nós.
- O meu filho é uma benção na minha vida e do meu marido. Ele veio e mudou nossas vidas para melhor em tudo. Hoje meu marido está muito bem empregado e eu estou fazendo o primeiro semestre do curso de Direito. Parei de embarcar para me dedicar ainda mais ao Pedro que hoje tem dois aninhos. Por fim o meu desejo é que as futuras mamães mercantes possam ter leis cabíveis e que as empresas se conscientizem das necessidades das suas trabalhadoras marítimas.