segunda-feira, 20 de abril de 2015

"O naufrágio da TRANSPETRO?"


Uma empresa a beira do naufrágio? Será que é essa a ideia que devemos ter da TRANSPETRO.

Conversamos com a delegada do SINDMAR em Aracajú, Symone Soares que nos falou sobre as notícias de venda de 23 navios da empresa.








Como o sindmar recebeu a notícia da venda dos navios da empresa?
Notícia assim gera desconforto, claro, principalmente quando lembro que retirar 23 navios da frota seja para venda, alienação ou qualquer outra coisa, é muito rápido porém, para a construção e reposição desse mesmo número de navios levaria algumas dezenas de anos ...pior ainda é imaginar que essa venda não irá resolver os problemas de caixa da Petrobras, aliás não chega nem perto dos desvios que a Petrobras sofreu ao longo dos anos. Acho importante frisar a frase “ao longo dos anos” porque muitos de nossos companheiros acham que desvios começaram no governo do PT, é importante lembrar as nossos colegas que a corrupção é parte da história do nosso país, vem de muito tempo. Hoje, infelizmente não temos partidos políticos que mereçam defesa. O que nós, brasileiros temos que analisar é o que pode ser menos prejudicial para o trabalhador como um todo.  
Como essa ação da empresa reflete no cenário atual?
Sabemos que as consequências da saída de 23 navios atingirão diretamente as tripulações que guarnecem esses navios, poderá sim haver demissões. Hoje, diante desse cenário, ainda chega perguntas pra mim sobre, por exemplo, o pagamento da PL (Participação de Lucros). É incrível como algumas pessoas não entendam o cenário que estamos vivendo. Pior mesmo é querer “tirar leite de pedra” falando que o Sindmar teria que obrigar a Transpetro a pagar tal PL mesmo sabendo, acredito eu que saibam, que a PL não é obrigatória. Viemos a algum tempo conversando com nossos representados que uma maneira de fazer isso se tornar obrigatório, passando a converter a PL em um valor percentual que pudesse ser colocado em ACT. Daí sim, o não pagamento implicaria em problemas pra Empresa e o Sindmar poderia intervir de maneira legal.
Na última negociação, senti na pele como a empresa usa o pagamento da PL para manipular seus funcionários. A luta é grande e o trabalho de fazer com que nossos marítimos entendam que devam pensar no futuro resistindo a tentação de ceder ao dinheiro momentâneo não é moleza. A maior prova disso é que o carro chefe da nossa campanha pelo 1x1 não prevaleceu. Lamentável para uma empresa do porte da Transpetro se formos comparar com as empresas menores e até mesmo consideradas “pirangueiras”. Acredito eu que, como a empresa não pagou a PL da última negociação, a ficha dos nossos companheiros acabe caindo. Assim espero e ainda tenho esperança.

Como podemos, nós marítimos, aproveitar esse "mar grosso", e ter chances de ventos bons na frente?
Vamos trabalhar com este fato. Aliás, devemos relembrar nossos companheiros pois a chance da Transpetro dizer que com a assinatura do novo ACT , eles pagarão duas Pl´s ou então , Pl´s reajustadas , ainda é grande . Espero que os marítimos não caiam mais nesse conto de fadas e tomem posicionamento a favor do que o Sindmar indicar durante a negociação. Vale lembrar que não haverá outro momento mais favorável a conquistar o 1x1 . Na realidade, vejo que isso será uma saída para evitar o desemprego já que esses navios saírão da frota.

Como podemos ajudar ao Sindicato nesse processo?
Ouvir, acompanhar e participar do que o Sindmar está indicando aos seus representados. Hoje, vejo companheiros nossos que tem verdadeira veneração pela empresa que está empregado e acredita piamente no que ela diz. Lógico que o funcionário deve querer o melhor pra sua empresa pois é de lá que vem o seu sustento porém, consultar o sindicato quando houver qualquer dúvida seja com relação a causas trabalhistas, descontos, etc., se faz necessário, sempre. Alguns oficiais reclamam noite e dia de algum desconto que veio em contra cheque e faz a consulta somente a empresa. Esta por sua vez, “safa” o lado dela, porém, aproveita para jogar o funcionário contra o sindicato. E consegue, infelizmente porque este cidadão não procura outro meio de receber a informação correta e muitas vezes corrigir o erro que levou a tal desconto. Deve-se vestir a camisa da empresa sim com profissionalismo e ética mas também deve-se resguardar. A cada ano que passa, surge mais e mais ideias criativas dos nossos armadores tentando tirar os brasileiros de bordo. Na realidade, trata-se de tentar igualar aos padrões internacionais de trabalho, neste caso, igualar por baixo, salários, sistema de repouso, o não pagamento de benefícios e por aí vai. Tudo que não precisamos perder depois de tantos anos de lutas para obter essas conquistas. É necessário lembrar que as condições de trabalho do marítimo brasileiro são muito invejáveis por outros países que já perderam suas marinhas mercantes para as bandeiras de conveniência. Nossos companheiros devem dar valor a este sindicato que ainda consegue manter um patamar de condições diferenciadas do atual cenário internacional.

Este ano é ano de negociação. Vamos bater forte em cima do 1x1 e neste momento, como uma necessidade para evitar desemprego. Vocês devem estar atentos ao que for colocado, devem acompanhar o que o Sindmar indicar pois a vitória do marítimo da Transpetro está também relacionado a essa conscientização de não somente pensar no hoje e sim no próprio futuro da categoria.








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